sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Uma história vocacional - parte 1

 Um pouco sobre minha caminhada vocacional

Primeira parte

 

Me chamo Mozart Peixoto Junior, nascido no interior do ceará na cidade de Altaneira e criado no meu país: Nordeste.

Desde cedo me emancipei da minha família, buscando entender o propósito e desígnio de Deus na minha história. Morei em Natal RN, onde meu pai fixou residência. Mas durante a minha caminhada vocacional também morei, estudei e trabalhei nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Iguatu, Mombaça, Quixadá e Fortaleza.

Ao terminar o colegial fui aprovado para o curso de historia com nota 98,68 na Universidade Regional do Cariri. Animado, porém, consciente das dificuldades: jovem de mais, ia completar 16 anos ainda. Apanhei muito para me adptar ao mundo acadêmico de uma universidade daquele porte. Tudo mudou, adeus amigos do colegial, terra estranha, faculdade estranha, pessoas estranhas... Porém, consegui me sair bem, cursei história até o dia que me tornei seminarista. No entanto , até chegar a esse ponto da minha história tive um percuso de 6 longos semestres.

Eu também era consciente desde cedo do que eu queria: ser padre. Porém as circunstâncias da época, ser padre significaria escolher sacrificar uma vida inteira de emoção, sucesso, namoro, sexo e liberdade. Significaria para muitas pessoas dar partida num foguete que jamais sairia do chão. Era assim que as pessoas viam a “profissão de padre”. Nada de louvável, nada de extraordinário. Para os mais jovens como eu , diriam: suicídio.  Para minha família, que era protestante, a pior das escolhas. Para a sociedade e para os acadêmicos e demais colegas da época, eu estaria dando um tiro no pé, me aleijando, me privando de explodir todo potencial que poderia existir em mim; tão jovem abdicar de todas as chances e oportunidades que a vida poderia me lograr, de tanto sucesso que poderia alcançar, da juventude que não ia “viver”, de poder curtir o gostinho da que a liberdade de sair debaixo das asas da mãe e do pai poderia proporcionar à um jovem. Fora isso, havia uma pressão familiar na época, que todo terceiranista do colegial sofre: passar no vestibular, arrumar uma namorada, se formar, escolher uma profissão...

Tudo isso me fez reprimir a minha vocação e ao final do meu colegial, eu já dizia abertamente que não queria mais ser Padre! Eu não tinha coragem, confesso, de dizer que queria ser padre. As pessoas riam de mim quando eu falava isso. No colégio, você era rechaçado e continuamente alvo de chacota, isso não era nada legal.

Costumava usar um crucifixo, era continuamente ridicularizado na escola: “- Tira isso do pescoço macho! Nenhuma menina vai te querer!”

“- viadinho.”

“- baaalde.”

Esse tipo de tratamento recebido na escola me fizeram adotar posturas muito duras comigo mesmo, queria fazer parte do grupo, queria me inserir, queria ser respeitado, mas só conseguiria se tirasse a cruz do pescoço, trocasse meu sapato preto e calças sociais por tênis e calça jeans, e assim o fiz. Abandonei o grupinho dos coroinhas, conquistei meu lugar, respeito e um grupo no colégio. Assim surgiram algumas namoradas, e algumas ficantes, algumas no sitio, outras na cidade. Não era mais o Juninho que queria ser Padre.

A saída do antigo pároco da nossa pequena “aldeia” e a chegada de um novo padre, foi a oportunidade perfeita para que eu me livrasse de todas as atividades e obrigações que me ligavam a paróquia nos finais de semana. Eu era um homem livre finalmente. Foi a época de grandes experiências na minha adolescência: festas, boates, bebidas, novas amizades, msn, orkut, encontros, sexo, paixões, amores, namoros, decepçoes. Um mix de prazer, emoção, medo, liberdade, autonomia e ao mesmo tempo VAZIO. Eu tinha tudo que queria, mas continuava procurando? Não me saciava, queria mais prazer, e mesmo assim não havia satisfação, sempre havia um vazio. Não percebi cedo, mas estava me degradando aos poucos... Já não me reconhecia.

 

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